segunda-feira, 4 de julho de 2011

Um menino. Uma história. Um mito.


Rafael Augusto Sobis do Nascimento, o menino que nasceu, se criou e estudou em Erechim. O menino de família gremista que tinha como sonho se tornar jogador profissional... e conseguiu. O menino que foi um dos protagonistas a levar o Inter para o topo do Rio grande do Sul, do Brasil e do mundo.

A improvável Libertadores da América de 2006. Sobis recebe um belíssimo passe, ajeita a bola com a parte externa do pé. Encara, dança e requebra na frente do adversário são-paulino. Tropica. Toca a mão no chão. Levanta. Domina a bola, chuta. Corre atrás da goleira vendo Rogério Ceni esbugalhado no chão, procurando a bola. Sobis continua sério. Encontra o Perdigão pelo caminho, envolve-o em seus braços. Mira os olhos para o povo vermelho que lá se encontrava e abre seu sorriso metálico. Ali, naquele momento, no momento em que ele tocou amorosamente a bola e ela correu para a rede, dentro do Morumbi lotado, Rafael Sobis sabia da dimensão do que ele havia feito.

Mais tarde, Sobis trituraria o que sobrou do São Paulo. Na entrada da área, Alex cruza na cabeça de Fernandão. Na cabeça do Tinga e para o gol. A trave faz a bola voltar calma e carinhosa para Sobis. O menino encara-a e chuta-a. Corre para a torcida e se joga de joelhos, pouco se importando a raspagem que isso faria em sua pele.

Ninguém acreditava naquela Libertadores. Ninguém. Até os colorados tinham uma pontinha de medo, mas Sobis não. Rafael sofreu quando foi recusado pelo Grêmio. Seu pai sofreu quando viu seu filho defendendo o time rival. Agora, Sobis tinha uma só cor em seu coração, em suas veias, em seu sangue, em seus olhos, em seu mundo. Qualquer outra cor era insignificante. VERMELHO era a cor da vida de Sobis. Ele pouco sabia que se tornaria um dos maiores ídolos da história deste clube.

Rafael Sobis calou o Morumbi.


Em casa, no Gigante, Rafael Sobis ergueu a taça e eu vi milhares de pessoa amando-o, idolatrando-o. Eu vi o Rafael mudar completamente o rumo da história do Internacional. Eu vi o Rafael usar a força de seus braços e o amor de seu coração para correr com uma bandeira enorme do Internacional, fazendo uma volta olímpica no Gigante. Eu vi o Rafael por carinhosamente a bandeira vermelha no chão e se jogar em cima dela, não se importando com o chão duro, mas se importando com o amor que sentia pelo vermelho. Eu vi o Rafael chorar. Não. Nós vimos. O mundo inteirinho viu. O mundo inteiro viu a nação vermelha sair de anos sem títulos, sem alegrias. O mundo inteiro também viu um menino loiro, de olhos verdes, pisotear em cima do atual campeão mundial e levar o Inter à Yokohama. Antes de jogar o mundial daquele ano, Sobis foi embora. Voltando em 2010 para dar mais uma Libertadores ao colorado.

O Inter perdia em casa no último jogo da final, com aquele resultado, o jogo iria para as penalidades máximas. Sobis se atrapalha com a bola e perder um gol. Kleber recebe a bola na ponta da área. Logo ela chega e Sobis, heroicamente, ergue e estica o pé para encostar o bico da chuteira na bola. O corpo do goleiro travava um de seus pés – aquele que permanecia no chão. Sobis não teve medo do que machucaria quando caísse, quando seu corpo encontrasse o gramado amado. A bola ia rolando para o gol quando o tombo se concretizou. O corpo do goleiro passou uma tranca em Sobis e ele meteu a cara no chão. O menino loiro – mesmo depois de quatro anos continuava sendo menino –, levantou com o som do Gigante: um misto de alegria, euforia, amor. Rafael Sobis uniu as mãos como se fosse orar e as levou ao rosto. Naquele momento, Sobis viu um filme em sua cabeça. Viu-o voltar para casa para dar-nos mais um título e levar-nos a Abu Dhabi.

Mais uma vez vi Rafael Sobis correr loucamente com uma bandeira colorada sendo segurada por ele.

No mundial de 2010, Sobis também perdeu um gol. E o mundial. Perdemos tudo. Acabamos com nossas lágrimas. Nossas alegrias se acabaram por uns tempos. Não me importa. O sucesso do Internacional começou graças ao Rafael Sobis que devolveu a alegria ao torcedor. O Internacional é vitaliciamente grato ao menino loiro.


Até breve, Rafael Sobis. Obrigada.

6 comentários:

Caroline Conceição disse...

Emocionante esse post! *--*
Só uma perguntinha, o Sóbis era gremista antes de jogar no Inter ?
Pergunto por curiosidade mesmo, porque nada e nem ninguém é capaz de apagar tudo o que ele fez pelo nosso Colorado.
E parabéns pelo post. =)

Kelly Casagrande disse...

Caroline, obrigada por estar lendo o blog! O pai dele era bem gremista. O Sobis até chegou a fazer um teste no Grêmio antes de fazer no Inter, e o Grêmio recusou. O pai do Sobis não queria que ele jogasse no Inter porque ele era gremista. Mas olha, não sei te dizer com convicção se o Rafael era gremista. Eu só sei que o pai dele ficou um tempo bem triste com ele por ele jogar no Inter. Os pais e os irmãos dele moram aqui em Erechim e eles tem uma loja bem grande de calçados (2, na verdade), e eu posso te afirmar que eles são MUITO colorados. Sempre tem foto do Sobis na vitrine e cartazes do Inter.
Obrigada! :D

Caroline Conceição disse...

Obrigada por responder!
Sou super curiosa por essasw histórias de jogadores. =)
E mais uma vez parabéns pelo belíssimo blog.
E que se Deus quiser, no fim do ano, tu possas postar aqui o nosso título brasileiro que estamos aguardando há um bom tempo.

Kelly Casagrande disse...

Deus queira! Estarei aqui comentando o tetra!
Obrigada, muito obrigada. Fico feliz que você gostou! =D

Júlia Capelesso disse...

Kelly, tu é de erechim?? só pergunto por curioside, tb sou... :D

Kelly Casagrande disse...

Sim, Júlia, sou de Erechim :D