Recopa: Inter 3x1 Independiente
Vontade que não acaba. Fonte que não sessa. Piedade dos adversários não existe. Jogadores do Internacional estão preparados sempre: vestem a camisa com o escudo do lado esquerdo do peito e estão prontos para a batalha. Camisa esta que não serve somente para despistar o frio, mas para mostrar porque e por quem eles lutam; mas para mostrar que ela é o colete à prova de balas. Ninguém jamais poderá abater aquele que veste a camiseta do Internacional. A senda de vitórias não para e não queremos que pare. Eles, os guerrilheiros, não querem e não deixam que ela pare.
Um mito. O Sport Club Internacional vive noites de sonhos, magias e mito desde 2006. Somos os maiores campeões do Rio Grande do Sul, do Brasil e da América na década; jamais foi visto coisa igual por aqui. Como se não bastasse ser campeão de tudo, somos campeões de tudo duas vezes. Pra quem torceu para o Barcelona em 2006, para o Estudiantes em 2007, para a Internazionale de Milão em 2008, pra quem desprezou a Copa Suruga de 2009, torceu para o Chivas em 2010 e apelou que o Independiente fosse campeão em 2011; deu o pulo errado.
Conquistamos o que ninguém jamais pensou que conquistaríamos. Fizemos história de tal maneira que ninguém jamais pensou que faríamos. Somos campeões de tudo e mais um pouco como ninguém jamais havia sonhado. Nós, os torcedores, agradecemos aos guerrilheiros da forma mais humilde e bonita que se pode ter: lotar um estádio e entoar um cântico do nome de cada um dos soldados que dessa guerra participariam. Nos acostumamos a vencer, e não a sermos vencidos. Vencemos, mais uma vez.
A noite era fria. O Guaíba, sabendo dos fogos e das comemorações que veria mais tarde, tratou de soprar vento não tão forte quanto o normal. Começava ali mais uma decisão de título internacional dentro do Inferno do Beira Rio. D’alessandro meteu uma pancada no travessão e Oscar fez a bola lamber a trave, Damião tratou de sair do quase. D’alessandro, próximo à grande área, fez a abertura de bola para o Damião no lado da mesma área; o menino dominou e logo dois zagueiros o cercaram. Leandro Damião, pressionado, iria cruzar? Recuar a bola pra começar outra jogada? Tentar chutar a bola em cima do zagueiro e cavar uma lateral ou até uma falta? Não. Damião iria, com muita facilidade, despachar os dois zagueiros e correr para a área e, com muita naturalidade – como uma criança quando brinca de dar bicudão na bola com o pai –, acertar o dedão do pé na bola e vê-la morrer dentro da rede.
E agora, Damião trataria de se consolidar como herói do jogo, o herói do Inter. Depois de receber a bola de um chutão do Muriel, ela quicar perto do zagueiro argentino e ele a deixar passar, Damião ficou marcado por apenar um homem. A bola quicou mais uma vez e, atrás do marcador e de costas para o gol, Damião se antecipa, dá um peitaço na bola driblando o zagueiro, deixa a bola bater no chão e – como se ele estivesse jogando tranquilamente na várzea –, dá um chute de peito do pé metendo para o gol na saída do goleiro. Eram 25 minutos do primeiro tempo e Damião dava o título ao Inter.
Porém, como time argentino não desiste até que o árbitro não acaba a partida, aos 7 do segundo tempo, Velásquez faz o gol para o Independiente levando o jogo para a prorrogação. O Inter perde ritmo, D’alessandro se machuca e Delattorre perde muita bola. Dorival coloca Jô no lugar do segundo e Andrezinho no lugar do primeiro. O sofrimento durou até os 39 minutos quando Andrezinho fez bela jogada e deixou Jô livre; na hora de marcar o goleiro faz falta dentro da área. Kleber, o masca-chiclete, pega a bola para bater. Guiñazu fica de costas para o gol onde será batido o pênalti, mãos no rosto, joelho dobrado. Kleber cobra, o Gigante silencia, bola de um lado, goleiro do outro e o Beira Rio explode como um vulcão em erupção. Guiñazu, ouvindo a euforia do torcedor, levanta devagar a cabeça, olha para a torcida e comemora.
O jogo se torna sufocante com o time argentino em cima, pressionando. O Inter foi salvo por Muriel e Kleber, pela trave e linha de fundo. Aí só resta ao Bolívar fazer uma massagem no ombro para mais uma maratona: erguer a taça. Erguer a taça de bicampeão da Recopa e ver o Gigante eclodir; e ver Leandro Damião se consolidar como o melhor centroavante criado no Brasil e no Brasil atuando. Os segundinhos que se preparem...
Inter é campeão de tudo duas vezes!
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