Luigi carregou o peso de uma Copa do Mundo no estádio do seu time do coração por 269 dias, foi apontado, foi duvidado e foi motivo de chacota. Com toda a frieza e pulso firme que um presidente de uma das maiores instituições de futebol do mundo deve ter, Giovanni Luigi trabalhou incessantemente para que as obras fossem retomadas no Beira-Rio. Toda noite que se deitava em seu travesseiro, o presidente sonhava com um Gigante assim...
... enquanto ele estava assim...
A novela foi desgastante, fez o torcedor colorado não querer ouvir falar em reforma, criou o ditado: “Nem que a AG assine!”. O contrato era refeito e reformulado, mas quando era agradável a Andrade Gutierrez, era inviável para o Inter e quando era bom para o Inter, empacava na AG. A construtora procurou por parceiros para bancar a reforma durante todo esse tempo, mas não encontrou porque a ela dava garantias insuficientes para o banco. Semanas atrás culpou o Banrisul por não liberar o financiamento que garantiria a retomada na reforma. Depois de uma intensa pressão de todos os lados, até da presidente da república, a Andrade Gutierrez – uma das maiores empresas do mundo – firmou parceria com o banco de investimentos BTG Pactual.
Depois de quase eternos 269 dias de sofrimento e de estádio destruído pela metade, uma cerimônia foi preparada e o contrato foi assinado por Giovanni Luigi e o presidente da construtora exatamente às 11:55 da manhã. Depois de muitas entrevistas infrutíferas, de desânimo total do presidente colorado e até planos de segunda opção de construtora, a assinatura com a Andrade Gutierrez saiu dos discursos para na história.
Luigi discursou animado e agradeceu exclusivamente à torcida. Beto Grill, o vice-governador, deixou o coloradismo à mostra, se emocionou e teve que interromper o discurso para se recompor. O presidente da AG, ao final da cerimônia, pediu o microfone e, em tom de euforia, disse que as obras recomeçam na quarta-feira, 21 de março de 2012. Durante a parceria de 20 anos, a construtora terá direito de explorar os camarotes, suítes, cadeiras vips e sky boxes, restaurantes, lojas, um edifício-garagem com 3 mil vagas e também utilizar o estádio para eventos.
Giovanni Luigi:
Esse homem chegou à presidência do Inter com o apoio de Fernando Carvalho e Vitório Píffero. No começo de sua gestão, um desentendimento muito forte com o então treinador Paulo Roberto Falcão resultou na demissão do mesmo e Luigi quase foi crucificado pelo torcedor colorado – inclusive por mim. Kleber, titularíssimo do time, recebeu propostas para sair e Luigi o segurou. Grande assédio permanente dos clubes europeus por Leandro Damião, o artilheiro quaaaaase saiu, mas Luigi o segurou. D’alessandro recebe proposta “babilônica” da China, Luigi trabalha, mexe seus pauzinhos, rechaça a proposta, aumenta o salário do gringo e o segura. São Paulo ganha na justiça os direitos de Oscar, de alguma forma, Luigi o segura. Quase um ano de obras paradas, com sua calma de sempre, Luigi corre atrás do prejuízo, consegue assinatura da AG pela manhã e na parte da tarde as máquinas chegam ao pátio do Beira-Rio.
E esses são acontecimentos que vieram a público. Sempre tem aquela proposta por um jogador importante que, de cara, o presidente recusa e a imprensa não fica sabendo, ou de um problema imprevisto que o presidente resolve. O mundo cairia sobre a cabeça do presidente colorado se o contrato não fosse assinado, mas ele teve competência e firmeza para resolver esse problemão. Se odiamos o Giovanni Luigi quando, por causa dele, Falcão foi demitido do comando de técnico do Inter, o amamos pelos inúmeros gestos de competência que esse homem mostrou de lá para cá. Hoje, às 11 horas e 55 minutos, o presidente Giovanni Luigi que está nascendo um novo ídolo colorado fora dos gramados e entrou definitivamente para a história do Sport Club Internacional... MERECIDAMENTE.
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