Ano novo. Erros velhos. O Inter pagou a conta de manter um treinador que luta permanentemente contra o bom senso e conseguiu a façanha surreal de ser derrotado pelo Veranópolis – que acabara de sofrer duas goleadas em sequência, no Gauchão –.
O colorado começou bem, com dois destaques individuais de estrelas que brilham há tempo, mas com curvatura e biografias diferentes. O primeiro, D’Alessandro, grande destaque vermelho dos últimos três anos. Reúne futebol, criatividade e temperamento suficientes para se consolidar nessa liderança impositiva que se tornou, desde que veio do Zaragoza. O outro, o menino Leandro Damião. Aliás, é pesaroso aturar estes comentaristas que teimam em estereotipar um centroavante alto e de presença na área, de “perna-de-pau fazedor de gols”, como a RBS insistiu em rotular, durante a transmissão. É de um preconceito subversivo e injusto, sobretudo quando se trata de uma jovem promessa, que provou, não apenas ser uma ótima opção ofensiva aérea, mas, técnica. Entrou numa final de Libertadores, e, com velocidade e faro de gol, definiu o título para o colorado. Damião estava onde deveria estar: no centro da área. Sim, Alecsandro estaria, também, mas, muito provavelmente, não se adiantaria ao zagueiro para empurrar a bola para as redes. Como fez Damião.
O jogo prosseguiu numa primeira etapa que, só não foi mais sonolenta pelo temor dos colorados em ver algum jogador – que deve compor o grupo da Libertadores - com a perna rachada ou sem o seu respectivo pescoço, pela truculência dos marcadores do Veranópolis e a permissividade do árbitro Márcio Coruja.
Bem, antes, uma breve análise da engenhoca montada pelo pedante Celso Roth. Ah! Sim, o que significa pedante? Aí vai: Pessoa que faz alarde de si, de conhecimentos ou qualidades superiores aos que possui; afetado; pretensioso; pernóstico. E então? Não é a definição exata do funesto, Celso Roth?
Enfim, Roth escalou contra uma das piores equipes do interior gaúcho, uma equipe inofensiva, que faria gol, caso tivesse, em seus destaques individuais, um lampejo de genialidade (alguma semelhança com 14 de dezembro? Eu tenho). Pois bem. Apenas o coitado do Damião entre três zagueiros com a faca entre os dentes. Andrezinho no ataque? A possibilidade de dar certo é a mesma que eu nutri quando joguei na Mega da Virada...
O segundo tempo chegou, Roth avançou a equipe. Fez certo. Mas com os jogadores errados. Não se pode obrigar o Tinga a fazer gol. Não adianta colocar ele no ataque. Nem mesmo D’Ale, tampouco Andrezinho, que, nem lampejos de genialidade, tem. Veio o gol de empate do VEC. Sem culpa do Lauro, diga-se de passagem. Ele não é o goleiro dos sonhos de ninguém, mas não teve o que fazer. E então, com o jogo empatado e precisando vencer, Roth teve uma ideia que, sinceramente, daria tudo pra tentar entender. Sacou Tinga – cansado ou não, isso não importa – e repôs com... Glaydson! Sim! Glaydson!!! Volante de carteirinha, com a mesma vocação ofensiva que meu avô de 84 anos, tem. E então, o Inter se atirou, atacando com Glaydson, desprotegendo a zaga, ansioso, sem soluções ofensivas (repito: alguma semelhança com 14 de dezembro?)... Amigos, a bola pune quem desafia a coerência e o bom senso no futebol. E em um contra-ataque, aos 48 minutos do segundo tempo, o combalido Veranópolis deixou o recado: ou muda a filosofia, ou vamos lamentar novos fracassos contra mais outros adversários inexpressivos: Emelec, Jaguares e Jorge Wilstermann. Só que dessa vez, vale um tal de Tri da América. É pouco? Ou vale a pena uma mudança?
PS.: Chegou neste mesmo domingo, paradoxalmente com a derrota para o Veranópolis, uma excepcional contratação para a Libertadores da América. O volante argentino Mário Bolatti, vindo da Fiorentina e com passagens pela seleção argentina, disputando, inclusive, a Copa do Mundo, na África do Sul.
Por Fernando Rocha/Especial
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