segunda-feira, 4 de abril de 2011

Da Avenida Redenção para o Mundo

Com todo o tipo de desafios e obstáculos, a história do Sport Club Internacional começava ser desenhada pelos irmãos José, Henrique e Luiz Poppe. Em quatro de abril de 1909, na residência 141, na Avenida Redenção (hoje Avenida João Pessoa, 1025), criara-se o mais novo, vitorioso e amado clube do Rio Grande do Sul. Os irmãos Poppe jamais ousaram em pensar que criariam um clube com tamanha dimensão: da Avenida Redenção para o Mundo.

Que Colorado jamais pensara que aquele clube teria ídolos como Figueroa, Falcão, Gamarra, Dadá, Fernandão, Guiñazu, D’alessandro e, o menos reconhecido, Adriano Gabirú? Que Colorado pensara que seu time tomaria proporções de “Rolo Compressor”? Entre os anos 40 e 50, qualquer clube, de qualquer dimensão, tinha medo de jogar com o Inter... medo de atropelado, arrastado, amordaçado pelo exército que o colorado tinha em campo. O próprio Grêmio; o maior rival da existência do Internacional; provou o sabor amargo do Rolo Compressor quando levou 6 a 0. O Inter ainda teve cinco gols anulados. O presidente colorado daquela época, ldo Meneghetti, perguntou ao árbitro porque tantos gols haviam sido anulados. Cabisbaixo, o árbitro sussurrou: "Era muito gol para um grenal".

Assim como tivemos tempos de “céus”, tínhamos que passar pelo “inferno” para voltarmos ainda mais fortes. A década de 90 foi a mais dolorida e longa década colorada. Tendo quase rebaixamento, finais de campeonato desperdiçadas... Alguns seguidores não resistiram à dor e abandonaram o clube. Porém, outros – fortes, amantes de verdade, guerrilheiros e literalmente Colorados – resistiram brava e fortemente à pedreira.

Uma década! Dez anos de puro sofrimento, dor, angústia, falência, terror.

Quando a década de 90 passou, colorado algum sabia o que os esperavam...

Heroicamente conquistado, o troféu da Libertadores de 2006 veio como uma morfina que amorteceu a dor daquela tenebrosa década. Junto dele, o inacreditável, impensável e quase inconquistável Mundial de Clubes Fifa. O domingo mais lindo da vida de cada colorado foi aquele de dezembro de 2006 quando, extraordinariamente, o Inter venceu a seleção do Barcelona com o histórico gol de Adriano Gabirú. Para reviver aquela manhã, todo colorado estaria disposto a passar por outra década de 90, por outros longos anos de sofrimento; para no final ser recompensado em grande estilo, em estilo internacional, em estilo mundial. Os mais longos, mais felizes e mais recordados 90 minutos da vida de qualquer amante do vermelho colorado.

Os 102 anos que o Sport Club Internacional completa hoje, 4 de abril, mostram as proporções que o clube conquistou. As fronteiras? Elas não existem mais... Conquistamos o Rio Grande do Sul, o Brasil, a América e o Mundo. Reerguemos-nos de um tombo recente, mas estamos vivos na guerra. Clube de exemplo moral e ético que nunca admitiu nenhum tipo de discriminação, preconceito. Clube que viveu sua história inteira na “nata” do futebol não poderia ser mais bem recompensado que o Internacional. Somos um dos pouquíssimos clubes em que o jogador que veste o nosso manto e que faz por merecê-lo, sai daqui como colorado. Somos um dos pouquíssimos clubes que fizemos brotar lágrimas de amor sincero nos olhos dos jogadores.

O Gigante construído; por pessoas comuns, simples que se propuseram a doar um tijolo, um prego, um pouquinho de amor e carinho; na beira do rio Guaíba é um patrimônio da vida de cada torcedor! Ele que já presenciou incontáveis glórias, inúmeras lágrimas, principalmente de alegria. Parabéns ao Inter que, ao longo de seus 102 anos, conseguiu construir e consolidar um amor puro e verdadeiro no coração da maioria da população Gaúcha. Inter que, catastroficamente, perdeu o Mundial 2010, mas os seus seguidores se mostraram ainda mais fieis.

São 102 anos de um louco amor, 102 de primeira divisão!


(Escrito por: Kelly, com a contribuição luxuosa do Wellington.)

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