Abro um parêntese antes de falar do jogo de hoje e dizer algumas meras e sentimentais palavras sobre o maior jogador colorado de hoje. Andrés Nicolás D’alessandro, na sexta-feira, passou a ser o mais novo trintão do Internacional. Ele que vive e ajuda a escrever a mais vitoriosa década colorada – apesar dos apesares. Ele que, em três anos de Inter, se tornou um dos maiores jogadores nos mais de cem anos do clube colorado; se tornou um dos maiores ídolos da torcida vermelha. Ele que joga no maior clube do Rio Grande, do Brasil e 5º maior e melhor do mundo.
Das suas pernas surgiu um drible só dele e que muitos outros jogadores já foram suas vítimas. Do calmo e pacato bairro La Paternal na Argentina, crescia, magrinho, um “muchacho” com pernas abençoadas, principalmente a esquerda. Crescia ali um magrinho que batia bola em qualquer pedaço de piso, em qualquer grama mal cortada. Crescia o D’alessandro – que logo se tornaria El Cabezón – para se formar no River e brilhar no Internacional.
Andressito (como era chamando quando pequeno) conquistou a torcida colorada desde quando chegou aqui, e como ele mesmo disse, não tem como não se encantar com este mar vermelho gritando teu nome. D’alessandro é o raríssimo tipo de jogador que só beija o escudo da camisa que veste quando ele realmente acha que seu sentimento por ele é suficiente a ponto de beijá-lo.
Todos viram D’alessandro aos prantos quando o Inter conquistou o bi da Libertadores. Acho que hoje, metade do Andressito é do Inter, e outra metade é merecidamente do River Plate.
Rumando para o jogo, Paulo Roberto Falcão – de sapa tênis vermelho e branco, camiseta xadrez com as cores do Inter, paletó preto e calça jeans preta – trouxe quase 20 mil colorados para o Gigante da Beira Rio para assisti-lo. Quando o ídolo, que antes entrava em campo de chuteiras e hoje de sapa tênis, pisou no gramado foi ovacionado pelos torcedores que lá estavam. Merecidamente ovacionado.
O Inter foi normalmente bem. Não teve expressivas mudanças, até porque não se pode fazer milagre com cinco dias de treinamento. Todos esperavam algo a mais, uma mudança visível, mas naturalmente não houve. A única coisa visível foi a compactação do Inter, o time jogando junto evitando deixar espaços. O Inter compacto que o Falcão aplicou no Inter facilita a vida dos jogadores e dificulta a dos adversários. Com o time mais perto, independente da função, o jogador não precisa correr feito um louco e, paralelamente, dificulta o adversário para avançar na área colorada.
O Inter foi em um 4-4-2, com duas linhas, bem britânico. Aos 23 minutos do primeiro tempo Rodrigo Rizo, do Santa Cruz, foi expulso. Uma diferença do Inter de Celso Roth ao Inter de Falcão foi D’alessandro e Andrezinho abertos nas pontas. Parecia que as miniaturas da prancheta do Paulo Roberto pularam para o campo e cumpriram rigorosamente as ordens do Rei.
O Andrezinho ressurgiu das cinzas e foi um dos melhores jogadores em campo, com direito a balãozinho e a passe para o gol dele, sempre dele: Leandro Damião. Para comemorar, Damigol “bateu asas” e correu para o abraço do Rei Falcão. E assim começa a Era Falcão. O Andrezinho só não foi melhor no jogo porque o Inter tinha D’alessandro. O Gringo fez jogadas de craque.
No segundo tempo o Inter decaiu. Só acordou no final do jogo e começou a pressionar o Santa Cruz. Foram inúmeros, incontáveis gols perdidos – característica do Inter de Celso Roth, o homem plantou uma doença crônica do elenco colorado e Falcão vai ter um trabalho a mais para “cura-la”.
O resultado não foi muito convincente. O resultado deu a classificação ao Inter às semifinais da Taça Farroupilha. O Inter está bom? Não... O Falcão ainda precisa arrumar algumas coisas. O que não tem jeito mesmo é o pobre do Nei, que já foi melhor. O técnico do Inter precisa treinar com o Nei cruzamentos precisos, mas é preciso treinar até não aguentar mais. Não sei se é falta de treino ou falta de habilidade em cruzamentos, só sei que o Nei está jogando muito mal.
Hoje, o Inter ainda não tinha a alegria que o técnico do Inter tanto quer, mas pode ter. O Inter não correu riscos, e isso é bom.
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