Inter 3x3 Santos
É tão fácil darmos um clique no botão e apagarmos as luzes de um ambiente deixando-o completamente escuro. Tão fácil é acender e apagar a luz a hora que quisermos ou tivermos necessidade. Não me refiro às pessoas sem luz em New York, nem ao apagão que aconteceu no Rio de Janeiro há algum tempo, falo do apagão do Inter – não das luzes do estádio, mas da vontade dos jogadores.
Os gritos histéricos e holofotes que se acenderam na chegada do Neymar não condiziam com seu futebol apresentado no Beira Rio, devia ser por sua beleza (aonde?, hãn?). O Inter esperava um jogo difícil, complicado, até achava agradável um empate, mas tudo isso mudou quando o jogo começou. O time do Dorival dominava a bola, trocava passes e errava pouco; Andrezinho abriu para Élton cruzar na cabeça do Bolívar – o temido, o furão, o bisonho que deu muitos títulos ao Inter e que ultimamente sai vaiado de campo –, cabeceou para marcar o primeiro gol do Inter aos 8 minutos.
Pouco mais tarde o careca – que também tomava vaia em tempos passados, mas que hoje sai de campo aplaudido e deixa torcedores se lamentando quando não joga –, mais uma vez cruza para Damião marcar o segundo e abrir boa vantagem sobre o campeão da Libertadores. Afinal, ultimamente, o que seria do Inter sem Damião e do Damião sem o Nei? Daí até o final do primeiro tempo o Inter dominou o jogo, deixou Neymar sem brilho e Borges sem bola para marcar. O Inter pisoteava no campeão da América e prometia mais para o segundo tempo.
Prometeu e o gol veio. Mas antes do gol Élton recebeu ótimo passe de Nei (de novo) e marcou, mas erroneamente, o árbitro apontou impedimento (não sei de onde, o colorado se encontrava dois metros atrás do jogador santista). Depois Guiñazu correu metade do campo com bola dominada e fez o que ninguém esperava: meteu um míssil para o gol de Rafael, mas ele se esticou todo e conseguiu espalmar a bola para o lado. Aí, de tanto tentar o gol veio em um pênalti cometido em cima do temido e aterrorizante Bolívar. Oscar cobrou a penalidade fraca, baixa, mas Rafael bobeou e deixou a bola entrar.
Tudo o que o Inter construiu em 70 minutos foram totalmente destruídos e igualados em 20. O apagão. O apagão nos raptou o sonho do tricampeonato da Libertadores contra o Peñarol dentro do Beira Rio; o apagão já nos roubou vários pontos dentro e fora do Beira Rio; hoje o apagão digeriu o nosso último fio de esperança que restava em ainda querer brigar pelo título e dificulta a nossa vida para lutar por uma vaga na Libertadores.
Não vou ser injusta em colocar a culpa 100% na zaga do Inter, mas 70% sim. Alan Kardek ganha de três colorados, cruza, a defesa do Inter tá tomando café no ponto e obriga Muriel sair do gol. Borges aproveitou e marcou. Neymar (o cara que não apareceu o jogo inteiro) dribla dois e passa, a defesa do Inter tá deitada na poltrona e Alan Kardek marca. Borges passa por um, Índio olha para Bolívar que olha parta Élton e que olha para Muriel; Borges empata. Todos, todos os gols do Santos tiveram a luxuosa, bondosa e caridosa ajuda do capitão Bolívar. O cara fez o gol do Inter no primeiro tempo e é meio-responsável pelos três gols do Santos.
A esplendorosa partida que mais uma vez Nei fazia, a vitória, os três pontos e volta ao campeonato foram varridos para o lixo por erros infantis da zaga do Inter e, repito, principalmente do Bolívar. Alguém tem que avisar a nossa dupla de zagueiros veteranos que a bola e nem as pernas dos adversários não mordem; no momento em que a bola chega na nossa área, Índio e Bolívar se olham e se entreolham deixando livre o adversário para marcar o gol. A vida do Inter complicou devido a nossa zaga. Em outras palavras: o Inter do meio pra frente tá adequado, pegou o ritmo, entrosou, esse é o ideal; o Inter do meio pra trás estraga tudo o que o meio pra frente sofreu pra construir.
O gol mal anulado fez falta. O Inter ideal pode ser o time de hoje, sem Bolívar. Não se pode colocar o Índio no mesmo saco, um sozinho não dá conta do recado na zaga. O Bolívar é quem mais erra, o Bolívar é quem mais fura, o Bolívar é quem mais entrega gols. Ou ele volta a ser o que era, ou dá lugar pra um sangue novo.