domingo, 11 de setembro de 2011

Humildade do melhor do Brasil em um ato: SHOW!

Palmeiras 0x3 Inter

De costas. De lado. De frente. De cabeça pra baixo. De todas as maneiras possíveis de se imaginar e de não acreditar: Leandro Damião da Silva dos Santos faz gols de todos os jeitos, em todos os lugares, contra todos os clubes, em qualquer extremo. No dia 22 de julho de 1989, em Jardim Alegre no Paraná, nascia o menino que viria a ser o maior centroavante dos últimos tempos no Internacional e no Brasil. O menino pobre que tinha como principal ocupação levantar pipas e jogava por diversão na várzea, se tornou, hoje, o maior e mais importante jogador do Internacional.

O Inter parou diante de uma encruzilhada onde tínhamos duas opções: ou vencer o Palmeiras fora de casa e diminuir a distância entre Inter e G-4, ou perder (ou empatar) e fazer a vaga na Libertadores ficar muito difícil. O jogo começou com Kleber perdendo bolas e dando oportunidade para o Palmeiras. A tão temida falta perto da área que daria para Assunção a chance de cobrar e marcar aconteceu, mas a bola bateu na rede pelo lado de fora.

O time da casa tinha mais posse de bola, mas seu ataque era deficiente e não conseguia chegar com perigo – a não ser pelas cobranças de falta do Marcus Assunção. Em uma tabela boa de D’alessandro tocando para Andrezinho na risca da área e tocando para Damião, o Inter construiu a primeira boa e perigosa chance. Leandro Damião se encontrava de costas para o gol e com um zagueiro na sua cola. O goleador dominou com o peito e chutou, tirando do zagueiro e encobrindo o goleiro. Talvez aquele fosse o momento em que o Inter sofria mais pressão e sufoco do Palmeiras, mas lá estava o maior centroavante do Brasil para marcar e intimidar o adversário.

Em suma, o Internacional não conseguia manter a posse de bola que geralmente tem e o Palmeiras tentava atacar, porém, faltava técnica ao elenco adversário. O time da casa utilizava quase que somente bolas aéreas e, ao contrário do jogo passado que em duas bolas aéreas na nossa área tomamos gol, hoje a zaga praticou o que treinou durante a semana: tirar pra longe as bolas altas na nossa área. As poucas vezes em que a bola vazava, Muriel foi brilhante e catou onde quer que elas fossem, como aconteceu na cobrança de falta de Assunção que foi no ângulo, mas Muriel voou e catou a bola.

O segundo tempo veio e parecia que o 1 a 0 ficava de bom tamanho pelo fato de o Palmeiras ocupar grande parte do tempo do jogo no nosso campo, porém, sem efetividade. Assunção teve três faltas para cobrar em menos de oito minutos, mas o mais perto que a bola chegou do gol, Muriel, a queima roupa, tratou de tira-la dali. Damião não achava bom o resultado. Depois das faltas, o centroavante tentou e caiu, a bola ficou para Oscar que chutou, mas pra fora. Moledo interceptou um ataque do Palmeiras, arrancou do nosso campo de defesa, passou por meio time do Palmeiras e chutou para marcar, mas o zagueiro conseguiu tirar.

Nei fez boa jogada pela lateral e descobriu Damião livre para marcar. Com marcação o colorado dá um jeito de fazer gol, imagina sem... Depois de o melhor centroavante do Brasil derrubar a barraca do Palmeiras pela segunda vez aos 38 do segundo tempo, o Palmeiras apagou. Aos 47 o Inter daria motivo para Felipão não fazer chororô como faz em todo jogo por causa da arbitragem ou por qualquer outro motivo que justifique o resultado ruim de seu time; só resta ao técnico do Palmeiras parabenizar o Inter pelo ataque matador que não desperdiçou chances e pela defesa que foi impecável – até que enfim a defesa não tomou gol; foi perfeita tanto por cima quanto por baixo.

Faltando um minuto para o final do jogo, Ilsinho roubou uma bola no meio campo e tocou para Damião infiltrar na área. O camisa 9 colorado encontrou um zagueiro pelo caminho que, com a força do corpo, o fez comer poeira. Leandro Damião viu Marcos cair no chão como uma batata quando este sofreu um drible mortal. Então, ele levou a bola calmamente, brincando, sorrindo, até o gol. O que parecia que estava bom, melhorou. O Inter não teve muitas chances, mas as que teve aproveitou.

Os gols enchem os olhos e dão autoestima de continuar a procura do G-4 (e já estamos bem pertinho, dois pontos somente). Porém, Kleber precisa ter mais vontade, Andrezinho e Oscar reencontrar a inspiração que os faziam jogar brilhantemente bem. Quem não precisou de luz divina foi Muriel e Damião. Aliás, já virou rotina ver o nosso centroavante dar show e cultivar sua humildade. Quando perguntado se ele é o melhor centroavante do Brasil, Damião respondeu que não, mas “sonha estar no meio deles”. Quando perguntado sobre os gols, ele disse que “o mérito é todo da equipe” que o serve bem.

Damião: um exemplo de superação, de humildade e de estilo de vida. Jamais deixou o sucesso subir à cabeça e nunca esqueceu sua origem pobre; com certeza ele agradece todo dia a várzea. Qualquer um pode prever o futuro desse menino: muito, muito sucesso!


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