terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Ansiedade vermelha e branca...

A batida do relógio é incansavelmente demorada. As folhas das árvores balançam extraordinariamente calmas. Tudo parece estar em câmera lenta, em super-câmera-lenta. A ansiedade se parece mais uma doença crônica, e a espera é involuntariamente letal. É uma pena a ciência ainda não ter conseguido inventar um relógio-tempo em que os ponteiros correm rápido, fazer o sol girar tão depressa capaz até de te fazer tontear. Fazer com que o sangue seja mais depressa bombeado para o coração, e fazer com que a ansiedade seja expelida para fora do seu corpo. Mas nada disso foi inventado, e o tempo continuará passando em gravidade zero – como caminhar na lua, muito devagar.

A demora é muito mais intensa quando se espera dois tempos de quarenta e cinco minutos, mais precisamente dois mil e setecentos segundos. O coração pula quando se vê que, dentro das quatro linhas brancas que limitam o território, estão meus onze heróis mais poderosos; feitos de carne e osso, coração e órgãos, vida e imortalidade, angústia e confiança, e certeza...

Fico angustiada por ver que eles, os meus heróis, são feitos do mesmo material frágil que o meu. Constituídos por idênticas substâncias das pessoas do mundo todo. À medida que a angústia me toma, sou feliz. Feliz por ver que eles são amados como poucos, eu os amo. Eles são diferenciados, e nós que os seguimos também somos. Diferentes por sermos mais felizes que qualquer outro seguidor que não sejam estes que usam vermelho, que amam orgulhosamente um escudo cujas letras “S”, “C” e “I” estão amorosa e carinhosamente entrelaçadas.

Os seguidores desta massa, ao contrário dos outros, não se importam com os momentos desastrosos, mas os aproveitam para mostrar seu amor; para apoiar. Os “vermelhos até os olhos” não se importam com horas, ironicamente falando, perdidas na fila, na estrada, no pensamento... Não se importam com momentos, por mais especiais que sejam, substituídos por dois mil e setecentos segundos na frente de uma televisão, rádio ou até mesmo no concreto sagrado.

Ninguém aqui se importa em rasgar os joelhos atravessando algumas quadras da cidade como pagamento de promessas. Porque todos que aqui vivem, nesse globo vermelho, são acima de tudo felizes e vencedores. São admiradores que viram os seus “heróis invencíveis” falhar e ir ao fundo do poço, mas são admiradores que na maioria das vezes se viam felizes e sorridentes, vitoriosos. Esse povo, mais do que ninguém, merece a ascensão vitalícia. Vivemos tempos difíceis, não sabemos, mas somos heróis. Muitas pessoas do nosso tempo não resistiram ao fracasso e mudaram de lado.

Há noventa e quatro bilhões e quatrocentos e oito mil segundos, essa massa vermelha-sangue já foram as pessoas mais felizes do mundo e, pela segunda vez, querem repetir o feito. Aliás, há algum tempo atrás fiquei pensando que, quando for a nossa vez de novo teremos os admiradores mais fiéis, convictos e felizes. Pois serão os admiradores que resistiram aos bravos anos noventa. Aguentemos só mais um pouquinho! Para quem aguentou bilhões de segundinos, nada significa demorados dois mil e setecentos segundos para sermos, novamente, o grupo de seres mais felizes desse mundo.

Mas isso tudo pode ser um sonho. Se for, por favor, não me acorde. 

EU ACREDITO!

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OBS.: TODOS os textos aqui postados são de minha autoria. Se não for meu, coloco créditos.

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