Eu nasci, cresci e virei colorada. Nada mal seria ter nascido com uma marca, gravado a ferro e fogo na pele as três letras entrelaçadas em vermelho e branco. Não é que eu quis ser colorada, eu já nasci com minha alma vermelha; eu nasci com sangue colorado e morrerei com ele. Demorei alguns anos pra descobrir o que realmente era Inter dentro de mim.
A vida mimada e vencedora que o Internacional concedeu a seus fieis e eternos seguidores fizeram de nós pessoas que respiram vitória. Fizeram de nós pessoas absolutamente humildes, mas vencedores. O Inter é grande, e quem faz do Colorado um dos maiores clubes do mundo somos nós: pessoas que não se cansam de vencer; que superam derrotas e, mesmo assim, apoiam; são pessoas que ouvem histórias ou que viveram os duros anos 90; são COLORADOS.
Torcedores de muitos outros clubes queriam ver o que eu vi, mas que seu clube nunca o proporcionou mesmo que este seja “experiente”. Eu vi uma nação inteira encher ruas, bairros, cidades, estado à espera do campeão. Eu vi o “patinho feio” – Gabiru – fazer o gol mais importante da minha vida, e depois erguer a taça do Mundial. Eu vi muitos títulos.
Eu vi o Giuliano ser decisivo na Libertadores; eu vi o Damião correr e fazer um coração; eu vi o Sobis se eternizar com o gol que nos dava a Libertadores – tanto de 2006 como de 2010. Eu vi uma coisa muito maior. Eu vi, eu vibrei e eu chorei vendo o meu time embarcar num avião para cruzar terras e mares para jogar a vida. E eu vi eles jogarem a vida, eu vi, nos olhos deles, a dor de ter perdido.
Eu vi jogadores chegaram ao Inter profissionais e saírem colorados, eu vi muitos deles se eternizarem com conquistas inéditas, históricas, inacreditáveis. Eu vi uma MULTIDÃO correr junto do ônibus. Eu vi o Iarley chorar amores pelo Inter quando foi vendido, e o Fernandão se tornar o mascote da torcida; eu vi ele chorar agradecendo ao Colorado e ao Carvalho.
Eu sei o quanto eles – e eu – queria aquele título. Eu vi o Sobis chorar e com olheiras, dizendo que não dormiu a noite inteira. Se o dia 14 de dezembro de 2010 foi o pior dia da minha e da vida de muitos colorados, foi o pior dia para eles também. A pior coisa que ser derrotado, é saber que se foi vencido por alguém menor que você.
A pior coisa que ser derrotado, é olhar para trás e ver o quão duro e intensivo foi o trabalho para tudo ocorrer perfeitamente, quando em duas horas o trabalho, a expectativa, a ansiedade de um ano – uma vida – inteiro foi destruídos por alguns minutos. Longos.
Por mais que não quiséssemos, tínhamos que viver o dia 14. Por mais que doía, sabíamos que quando o sol aparecesse, teríamos que sobreviver. Teríamos que suportar todas as flautas. Com a cabeça fria, aquela terça-feira foi um dia difícil, mas de aprendizado. Aprendemos que não somos super-heróis e que não vamos sempre ganhar. Isso é a vida.
Eu acho que é difícil de conformar, de compreender e de explicar esse dia. Quando olharmos pro calendário e vir que os traços formando o número um e quatro se juntam, iremos, intencionalmente, lembrar da nossa dor. E se o Inter acabar, minha vida acaba aqui.
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