Inter 4x0 Jaguares
Resistimos! Resistimos à eliminação precoce do time B na taça Piratini. Resistimos às escalações horrorosamente retranqueiras. Resistimos ao Alecsandro. Mas não resistimos à idéia de aplicar uma goleada. Na Libertadores não existe time “mais fraco”, existe time com “menos técnica”, pois ninguém precisa de muita técnica para vencer... nem o Inter.
Mais uma vez tivemos uma assombrosa noite de sono pensando em quem e como Celso-retranqueiro-três-volantes montaria a equipe com as preciosas peças que tem em mãos. Em contrapartida, as lembranças recentes dos gols que nos davam o título desta mesma competição, há seis meses, tomavam conta de nossas mentes nos fazendo recordar dos quase-ataques cardíacos que tivemos – e esse ano, muitas surpresar ainda nos esperam... surpresas boas, espero.
Enfim, rumando ao jogo. O Inter não teve sua melhor atuação; não teve um grandioso destaque no jogo – a não ser Bolatti pelos dois gols marcados. O time remontando por Celso Roth, onde Guiñazu saía pro jogo e Damião era quase um volante, teve muitas dificuldades durante todo o jogo. Jogadores de passes curtos como Índio, ou de passes/cruzamentos como Kleber, não tinham outra opção a não ser rifar a bola. Sem posse de bola, o Inter não conseguia infiltrar na área adversária. Esse era o Inter? Não, esse era o Inter de Celso Roth. Em suma: o Inter jogava para não fazer gols... mas fez.
Como uma droga injetada na veia para livrar-nos de uma dor e angústia aterrorizante, o jogador colorado cobrou o escanteio e a bola caprichosamente foi em direção ao Zé Roberto que cabeceou para Cavenaghi. O hermano tocou de cabeça para Bolatti que girou em cima do adversário, chutou e correu para o abraço. Um gol alentador. E aqui está nascendo um novo ídolo...
A torcida apareceu em bom número e fez o Beira Rio rugir. Os 26 mil colorados que estavam presentes viram Bolatti marcar mais um gol, agora de cabeça. Três gols em dois jogos – nada melhor para um recém-estreante. Mário Bolatti, volante que não é centroavante, caiu nas graças da torcida. Logo mais, forças divinas anunciavam o terceiro gol do Inter... saindo de Zé Roberto, a falta cobrada foi boa, mas o goleiro rebateu, Cavegol chutou e a bola preguiçosamente bateu na trave. Tanto quanto preguiçosamente voltou para o camisa 9 mais iluminada do Inter.
Para comemorar o gol, Damião se jogou em cima do enorme escudo que fica atrás da goleiras e o beijou, carinhosa e sinceramente, por várias vezes. Mais tarde, o autor do terceiro gol levou uma pancada no estômago e saiu com o carro-maca, insinuando que sairia. O guri enganou até Celso Juarez, que já havia chamado Oscar para substituí-lo. Superando as dores, Damião voltou rápido a campo e berrou para o técnico que dali não sairia. Celso Roth não quis se dar por derrotado e, depois de alguns minutos, substituiu Damião – que saiu de cara fechada – por Oscar.
Para fechar triunfalmente, o menino Oscar recém vindo da seleção sub-20, acertou um lindo chute do meio do caminho que nem a bola imaginava que ela entraria no gol. Inter, enchendo seus torcedores de orgulho, 4, Jaguares, 0. Diferentemente de sábado, onde Celso Roth estava vendo o jogo pelas cabines – e todo mundo sabe o que aconteceu –, ontem Mano Menezes se mostrou pé quente. O técnico da seleção brasileira assistiu o jogo do Inter trazendo sorte... e a liderança também.
Nós, os torcedores fiéis, juramos que apoiaríamos independentemente das circunstâncias e que jamais nos entregaríamos. Ontem mais do que nunca os colorados superaram a mágoa, a dor e o medo de ver um sonho começar a se acabar aqui, e mostraram pra quem quisesse ver que o amor que pelo Inter temos é imensamente maior que um título, uma desgraça, uma rixa, ou uma crise. Prometemos apoiar até os nossos corações vermelhos dar a última pulsada.
Aqui estamos, Inter. E aqui continuaremos.