quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Juramos de pés juntos que iríamos apoiar na boa e na ruim

Inter 4x0 Jaguares

Resistimos! Resistimos à eliminação precoce do time B na taça Piratini. Resistimos às escalações horrorosamente retranqueiras. Resistimos ao Alecsandro. Mas não resistimos à idéia de aplicar uma goleada. Na Libertadores não existe time “mais fraco”, existe time com “menos técnica”, pois ninguém precisa de muita técnica para vencer... nem o Inter.

Mais uma vez tivemos uma assombrosa noite de sono pensando em quem e como Celso-retranqueiro-três-volantes montaria a equipe com as preciosas peças que tem em mãos. Em contrapartida, as lembranças recentes dos gols que nos davam o título desta mesma competição, há seis meses, tomavam conta de nossas mentes nos fazendo recordar dos quase-ataques cardíacos que tivemos – e esse ano, muitas surpresar ainda nos esperam... surpresas boas, espero.

Enfim, rumando ao jogo. O Inter não teve sua melhor atuação; não teve um grandioso destaque no jogo – a não ser Bolatti pelos dois gols marcados. O time remontando por Celso Roth, onde Guiñazu saía pro jogo e Damião era quase um volante, teve muitas dificuldades durante todo o jogo. Jogadores de passes curtos como Índio, ou de passes/cruzamentos como Kleber, não tinham outra opção a não ser rifar a bola. Sem posse de bola, o Inter não conseguia infiltrar na área adversária. Esse era o Inter? Não, esse era o Inter de Celso Roth. Em suma: o Inter jogava para não fazer gols... mas fez.

Como uma droga injetada na veia para livrar-nos de uma dor e angústia aterrorizante, o jogador colorado cobrou o escanteio e a bola caprichosamente foi em direção ao Zé Roberto que cabeceou para Cavenaghi. O hermano tocou de cabeça para Bolatti que girou em cima do adversário, chutou e correu para o abraço. Um gol alentador. E aqui está nascendo um novo ídolo... 


A torcida apareceu em bom número e fez o Beira Rio rugir. Os 26 mil colorados que estavam presentes viram Bolatti marcar mais um gol, agora de cabeça. Três gols em dois jogos – nada melhor para um recém-estreante. Mário Bolatti, volante que não é centroavante, caiu nas graças da torcida. Logo mais, forças divinas anunciavam o terceiro gol do Inter... saindo de Zé Roberto, a falta cobrada foi boa, mas o goleiro rebateu, Cavegol chutou e a bola preguiçosamente bateu na trave. Tanto quanto preguiçosamente voltou para o camisa 9 mais iluminada do Inter.

Para comemorar o gol, Damião se jogou em cima do enorme escudo que fica atrás da goleiras e o beijou, carinhosa e sinceramente, por várias vezes. Mais tarde, o autor do terceiro gol levou uma pancada no estômago e saiu com o carro-maca, insinuando que sairia. O guri enganou até Celso Juarez, que já havia chamado Oscar para substituí-lo. Superando as dores, Damião voltou rápido a campo e berrou para o técnico que dali não sairia. Celso Roth não quis se dar por derrotado e, depois de alguns minutos, substituiu Damião – que saiu de cara fechada – por Oscar.  

Para fechar triunfalmente, o menino Oscar recém vindo da seleção sub-20, acertou um lindo chute do meio do caminho que nem a bola imaginava que ela entraria no gol. Inter, enchendo seus torcedores de orgulho, 4, Jaguares, 0. Diferentemente de sábado, onde Celso Roth estava vendo o jogo pelas cabines – e todo mundo sabe o que aconteceu –, ontem Mano Menezes se mostrou pé quente. O técnico da seleção brasileira assistiu o jogo do Inter trazendo sorte... e a liderança também.

Nós, os torcedores fiéis, juramos que apoiaríamos independentemente das circunstâncias e que jamais nos entregaríamos. Ontem mais do que nunca os colorados superaram a mágoa, a dor e o medo de ver um sonho começar a se acabar aqui, e mostraram pra quem quisesse ver que o amor que pelo Inter temos é imensamente maior que um título, uma desgraça, uma rixa, ou uma crise. Prometemos apoiar até os nossos corações vermelhos dar a última pulsada.

Aqui estamos, Inter. E aqui continuaremos. 

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Vaias unânimes

Inter B 1(4)x1(5) Cruzeiro

Despedida precoce. O Inter foi eliminado, em pleno Beira Rio, pelo Cruzeiro para a conquista da taça Piratini, nas quartas de final. O Inter B, que jogou a maior parte do Gauchão, jogou mal e não mereceu a classificação. O mesmo Cruzeiro que derrotou o colorado no primeiro jogo do Gauchão, não teve dó e nos venceu mais uma vez – merecidamente – nas cobranças de pênalti.

O resultado do primeiro tempo foi nada mais que justo. Em outras palavras, nem Inter e nem Cruzeiro jogaram e foram competentes o bastante para marcarem o gol. O Inter tentou algumas poucas vezes, mas a maioria delas, Leo – aquele mesmo que marcou o gol da vitória na primeira rodada do Gauchão – não deixava a bola penetrar na área cruzeirense. Em uma situação pior, o Cruzeiro tentou menos ainda... algumas corridas do Jô aqui, outras ali, mas nada de ameaçador. O Inter foi quem mais teve posse de bola e ataque na primeira etapa.

No segundo tempo o jogo virou – não no resultado –, antes o Inter atacava, agora só defendia. No finalzinho do primeiro tempo o Inter deu liberdade pro Cruzeiro e, durante quase todo o segundo tempo, os jogadores colorados deixaram o adversário gostar do jogo. Faísca e Diego Torres deram alguns sustos na torcida colorada, o que marcava o melhor momento dos cruzeirenses. Ali, Ricardo Goulart recebeu um belíssimo passe do Elton, ficou na cara do gol e aproveitou uma das poucas chances claras de gol que o Inter teve. Inter 1x0 Cruzeiro.

O nosso visitante não sentiu o gol, e a pressão continuou. Água mole, pedra dura, tanto bate até que fura – já dizia o filósofo –, e furou. Trinta minutos de pressão depois do gol de Goulart, Diego Torres apareceu, a zaga do Inter dormiu, ele chutou rasteiro e Agenor viu a vitória escapar por entre seus dedos. O jovem goleiro colorado até tentou segurar a bola, mas ela escapou e o Cruzeiro empatou.

Enderson Moreira achou bom de querer parecer Celso Roth e recuou todo o time – cara de um, “inteligência” do outro –, o resultado não poderia ser bom. O Inter continuou levando pressão dentro de casa e o time celeste poderia ter vencido com certa vantagem, porque aos 47 minutos do segundo tempo Romário fez falta em Jô na entrada da área, que cobrou, mas pra fora. O jogo acabou e a decisão foi para as penalidades máximas. Para o Inter, Guto, Juliano, Marinho e Thiago Humberto converteram, mas Marquinhos – que foi mal no jogo – chutou fraco e o goleiro Fábio defendeu. Pelo Cruzeiro, acertaram suas cobranças Alberto, Léo Maringá, Zada e Juninho Botelho. Rafael bateu para fora.


O Inter saiu de campo muito vaiados. Todos que viram o Inter B jogar o Gauchão sabiam do risco que corríamos ao escalar o time dos meninos para um jogo importante como esse. Moreira e Roth têm as mesmas formas de jogar, a mesma retranca e a mesma mania de querer insistir em um modelo de jogo que o time vem “patinando” pra vencer. As vaias, tanto pro time B quando A, não foram especificamente para os jogadores, mas também para o técnico e a direção. O esquema de jogo, como sempre, prejudicou jogadores como Guto, que ficou isolado na área.

Agora o foco é a Libertadores. Temos jogo contra o Jaguares, quarta. O compromisso dos torcedores é lotar o estádio e empurrar o time para vencermos mais essa batalha.

Avante, Inter!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O hermano, o árbitro e a injustiça

Emelec 1x1 Inter

Bolatti e D'alessandro, os hermanos, comemorando o gol
As horas não passavam. A tarde não passava. O dia não passava e a hora do jogo não vinha. Parecíamos estreantes em competições internacionais. Éramos estreantes, mas na Libertadores 2011, contra o Emelec – que não tem tradição em Libertadores, mas tenho receio de times sem tradição...

A ansiedade para ver o Inter estrear na Libertadores 2011 era incontrolável, mas mais incontrolável foi o temor de ver que a bola não entrava. O primeiro tempo teve um ou dois chutes do Emelec ao gol do Lauro, porém, sem oferecer riscos. Já o Inter dominou praticamente todo o primeiro tempo, teve chances claríssimas com Zé Roberto e Damião. O primeiro perdeu um gol quase feito, só ele e o goleiro, mas chutou pra fora... do estádio.

O segundo, Leandro Damião, mostrou, mais uma vez, porque veste a 9. Foi o que mais ofereceu perigo ao gol do Emelec, cabeceou várias vezes e quase fez um golaço, onde driblou três e deu uma cavadinha na bola, mas o zagueiro equatoriano voou literalmente e conseguiu tira-la de quase dentro do gol. Já o Nei tentou repetir o feito de 2010, também na estreia do Inter na Libertadores contra o mesmo Emelec, que fez um golaço de fora da área. O carequinha tentou uma, duas, três vezes, mas nada conseguiu. Além de arriscar ao gol, Nei expulsava qualquer bola perigosa que voasse na área colorada.

O Inter teve mais posse de bola, foi mais ofensivo, teve muito mais chances claras de gol que o Emelec, mas a bola, caprichosamente, nunca entrava. Até que ele, o estreante salvador, de 1,90m, meteu a cabeça na bola e abriu o placar – Bolatti entrou no lugar de Tinga, que sentia dores e nem foi para o jogo. O Hermano estava louvo para estrear e nós, loucos para vê-lo... Bolatti não foi estrela e nem o melhor do jogo, mas além de ter habilidade com a bola nós pés, o argentino joga sem ela também. Corre, posiciona-se muito bem, grita com os companheiros, ataca e defende quando precisa.

A grande “atração” do jogo – ironicamente falando – foi o árbitro. Digo atração por ele ter chamado a atenção de todo mundo pela sua falta de competência. A FIFA, cada vez mais, escolhe árbitros perebas para jogos importantes como Libertadores, e isso não é de hoje. Além de ter deixado o jogo correr livremente – mesmo com carrinhos fortes e faltas horrendas – deixou de marcar um pênalti claríssimo cometido no Sorondo. Esse até a tia Mariazinha viu, o árbitro que estava em cima do lance, não. D'alessandro foi o mais "atropelado" pelos equatorianos e, na maioria das vezes, o árbitro não viu. Há muito tempo a FIFA comete esse tipo de fiasco. Então, se não está bom, muda. Coloca carinhas novas no mundo do apito – novas e mais responsáveis/competentes.

Voltando ao jogo com bola rolando, aos 49 minutos do segundo tempo, Guiñazu cometeu uma falta no jogador equatoriano, que cobrou, Lauro saiu do gol para caçar borboletas e, Gimenez, cabeceou para o gol. Injustamente o Emelec empatou. O Lauro pode ter sua parcela de culpa, no gol do Emelec, reduzida, pois não há como negar que ele foi muito bem durante todo o jogo.

Cavenaghi, D’alessandro e Bolatti... Esse trio vai dar muito trabalho para a zaga adversária – isso se tivermos técnico a altura do Internacional, que saiba explorar tudo de bom que o colorado tem hoje. Celso Roth acertou na mosca ao tirar Zé Roberto, que não foi bem, e colocar Cavegol em seu lugar, mas errou em tirar o Damião. O técnico do Internacional ou é ingênuo, ou burro demais. Se quisermos ganhar a Libertadores sem ataques cardíacos, temos que mudar de técnico. O clico do Celso no Inter já acabou. Se Giovanni e Siegmann nada fizerem, vão ter seus mandados manchados pela presença do Roth. Precisamos de um técnico inteligente o suficiente para montar o lindo elenco que temos hoje e fazer isso resultar em gols, vitórias.

O mais importante agora, é que a nossa classificação não está ameaçada. Podíamos ter saído do Equador com uma vitória, mas cedemos o empate... com gosto de derrota. Quarta-feira daremos mais um passo na nossa trajetória para passar mais uma mão de tinta vermelha na América!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Vai começar tudo de novo...

Nossos corações entrarão em erupção. Os deuses da América toda terão uma só cor em seus olhos, corações. Terra, Marte, Mercúrio, Vênus. Uma só cor será refletida da América para todos os Planetas. Pés sujos de sangue irão manchar toda a terra por onde os onze heróis passarem. Pois quando a guerra começar os guerrilheiros não irão medir a dor e nem o sofrimento para escalar o mais alto dos morros. Pois quando a guerra começar, o vulcão da beira do rio irá explodir... De alegria.

Não importa o quão sofrido seja a batalha. Quantas lágrimas serão derramadas. Quantos corações serão disparados. Quanto sangue será doado. O que importa é a conquista. É ver os deuses vestirem, amarem e glorificarem ainda mais o vermelho. O que importa é ver o amor florescer ainda mais... Crescer ainda mais. O topo mais alto das Américas terá um só dono e uma só bandeira irá tremular em um dos cumes mais altos do mundo.


Nossa estrela vermelha, mais uma vez, está lutando pelo topo. A constelação inteira verá somente uma estrela ganhar a América. A constelação inteira verá suas respectivas cores se apagando e o vermelho-sangue cada vez mais vivo. A constelação inteira verá o quão grande é o poder da estrela-colorada.


E no fim dessa longa guerra, os seguidores do vermelho sagrado sentirão o peito se estufar de alegria. Do fundo da garganta brotará o grito vencedor... O grito de campeão. No fim dessa guerra, o imenso povo vermelho cantará em coro amores pelo Internacional.

Em muitas batalhas guerrilhamos, e sempre decidimos. O nosso exército está sempre lá, no fim das guerras, infernizando os adversários. Jamais nós – os seguidores desses heróis que tanto nos fazem felizes – nos cansaremos de decidir batalhas. E cada vez que fazê-las, sentiremos tudo de novo... Como se fosse a primeira vez. Sentiremos a bênção dos deuses, a alegria, o temor. Sentiremos uma gigante casa oval construída na beira do rio tremer.

A nossa estrela vermelho-vivo está esperando para brilhar. Amanhã, vai começar tudo de novo.


Libertadores 2011. A guerra vai começar!


domingo, 13 de fevereiro de 2011

A estrela que só a 9 de Damião tem


O último jogo do elenco colorado antes de estrear na Libertadores da América nos reservava um estrelato de um jogador à altura de vestir a camisa 9 do Internacional. O menino alto, cabelos castanhos e olhos também, desde que fez seu primeiro gol pelo Inter na final da Libertadores, mirou nossas atenções a ele. Estrela a camisa 9 sempre teve, só faltava um dono a altura da vermelhinha para fazê-la brilhar.

O primeiro tempo de Inter versus Pelotas foi um tanto preocupante. Celso Roth insiste em um esquema mais defensivo que ofensivo – esquema este que esbofeteou e dilacerou nosso sonho do Bi. E quando, mais uma e vez, a zaga do Inter estava tomando sorvete na casa da tia Mariazinha, Tiago Duarte aproveitou o erro e balançou a rede pro Pelotas. Até então o Inter pouco atacava, não tinha infiltração na zaga adversária e jogo era fraco demais pra quem iria estrear na Libertadores dentro de três dias.

Nei tentou. D’alessandro encheu o pé, uma foi pra fora, outra o goleiro catou. Até que aos 24 minutos do primeiro tempo a estrela, que só a camisa número 9 de Damião tem, resolveu brilhar e encher o peito dos colorados de orgulho. Em mais um bom e velho cruzamento perfeito de Kleber, Damião cabeceou e correu para os braços da galera.

Até aí, foi visto o que o Inter de Celso Juarez sempre fez: posse de bola e pouco ataque. Parece que o técnico do Inter tem o dom de abafar o bom futebol dos jogadores de qualidade que o elenco Colorado tem. Então, começou o segundo tempo e eis que a mão do Papai do céu estendeu-se em cima da cabeça fraca de Celso Roth, uma luz rachou o céu acima do Gigante da beira do rio fazendo com que Roth acertasse uma, tirando Tinga e colocando Cavenaghi jogar tudo que sabe. Só o fato de termos dois homens esperando a bola lá na frente foi um alívio.

Destaque para Zé Roberto que deu boas arrancadas e Cavenaghi, que chutou algumas vezes ao gol. Os dois rostos mais novos começaram bem, a torcida está animada e confiante. Já que Zé e nem El Torito marcavam, Damião resolveu chamar a responsabilidade. E foi quando D’alessandro cruzou que o garoto apareceu na área mais uma vez, pegou a bola com o lado do pé e estufou as redes. Vinte minutos depois do segundo gol se passaram e a estrela da 9 resolveu brilhar novamente, em um cruzamento cheio de categoria do Índio, com cavadinha passou para Leandro que driblou o goleiro e marcou o terceiro – pra pedir música.

Palmas pra ti, Damião!

Um é pouco. Dois é bom. Três é bom DEMAAAAAAAIS.

Depois do terceiro gol do Leandro, João Paulo, do Pelotas, tentou ofuscar o brilho da estrela vermelha e marcou mais um, mas nada mais pôde fazer porque a vitória colorada já estava consolidada. E destaque pro Damião, é claro! O que nos resta é rezar para que Roth acerte na substituição como hoje e não coloque Damião e nem Cavenaghi na reserva. O argentino El Torito mudou a cara do Inter no segundo tempo.

Estamos aquecidos para a estreia do Inter na Libertadores na busca pelo Tri. Preparem seus corações vermelhos, a guerra vai começar!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Ano novo. Erros velhos

Ano novo. Erros velhos. O Inter pagou a conta de manter um treinador que luta permanentemente contra o bom senso e conseguiu a façanha surreal de ser derrotado pelo Veranópolis – que acabara de sofrer duas goleadas em sequência, no Gauchão –.
O colorado começou bem, com dois destaques individuais de estrelas que brilham há tempo, mas com curvatura e biografias diferentes. O primeiro, D’Alessandro, grande destaque vermelho dos últimos três anos. Reúne futebol, criatividade e temperamento suficientes para se consolidar nessa liderança impositiva que se tornou, desde que veio do Zaragoza. O outro, o menino Leandro Damião. Aliás, é pesaroso aturar estes comentaristas que teimam em estereotipar um centroavante alto e de presença na área, de “perna-de-pau fazedor de gols”, como a RBS insistiu em rotular, durante a transmissão. É de um preconceito subversivo e injusto, sobretudo quando se trata de uma jovem promessa, que provou, não apenas ser uma ótima opção ofensiva aérea, mas, técnica. Entrou numa final de Libertadores, e, com velocidade e faro de gol, definiu o título para o colorado. Damião estava onde deveria estar: no centro da área. Sim, Alecsandro estaria, também, mas, muito provavelmente, não se adiantaria ao zagueiro para empurrar a bola para as redes. Como fez Damião.
O jogo prosseguiu numa primeira etapa que, só não foi mais sonolenta pelo temor dos colorados em ver algum jogador – que deve compor o grupo da Libertadores - com a perna rachada ou sem o seu respectivo pescoço, pela truculência dos marcadores do Veranópolis e a permissividade do árbitro Márcio Coruja.
Bem, antes, uma breve análise da engenhoca montada pelo pedante Celso Roth. Ah! Sim, o que significa pedante? Aí vai: Pessoa que faz alarde de si, de conhecimentos ou qualidades superiores aos que possui; afetado; pretensioso; pernóstico. E então? Não é a definição exata do funesto, Celso Roth?
Enfim, Roth escalou contra uma das piores equipes do interior gaúcho, uma equipe inofensiva, que faria gol, caso tivesse, em seus destaques individuais, um lampejo de genialidade (alguma semelhança com 14 de dezembro? Eu tenho). Pois bem. Apenas o coitado do Damião entre três zagueiros com a faca entre os dentes. Andrezinho no ataque? A possibilidade de dar certo é a mesma que eu nutri quando joguei na Mega da Virada...
O segundo tempo chegou, Roth avançou a equipe. Fez certo. Mas com os jogadores errados. Não se pode obrigar o Tinga a fazer gol. Não adianta colocar ele no ataque. Nem mesmo D’Ale, tampouco Andrezinho, que, nem lampejos de genialidade, tem. Veio o gol de empate do VEC. Sem culpa do Lauro, diga-se de passagem. Ele não é o goleiro dos sonhos de ninguém, mas não teve o que fazer. E então, com o jogo empatado e precisando vencer, Roth teve uma ideia que, sinceramente, daria tudo pra tentar entender. Sacou Tinga – cansado ou não, isso não importa – e repôs com... Glaydson! Sim! Glaydson!!! Volante de carteirinha, com a mesma vocação ofensiva que meu avô de 84 anos, tem. E então, o Inter se atirou, atacando com Glaydson, desprotegendo a zaga, ansioso, sem soluções ofensivas (repito: alguma semelhança com 14 de dezembro?)... Amigos, a bola pune quem desafia a coerência e o bom senso no futebol. E em um contra-ataque, aos 48 minutos do segundo tempo, o combalido Veranópolis deixou o recado: ou muda a filosofia, ou vamos lamentar novos fracassos contra mais outros adversários inexpressivos: Emelec, Jaguares e Jorge Wilstermann. Só que dessa vez, vale um tal de Tri da América. É pouco? Ou vale a pena uma mudança?
PS.: Chegou neste mesmo domingo, paradoxalmente com a derrota para o Veranópolis, uma excepcional contratação para a Libertadores da América. O volante argentino Mário Bolatti, vindo da Fiorentina e com passagens pela seleção argentina, disputando, inclusive, a Copa do Mundo, na África do Sul.

Por Fernando Rocha/Especial

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Mais uma vez América...

Nossa! Ainda lembro bem daquela noite fria, da ansiedade que eu tinha;
As mãos geladas, o olhar distante, o sono inconstante.
Do menino pobre, negro, como nos seus primórdios, sem preconceito.
Ali todos viam um Tinga, da tinga, do povo. Do seu povo, que sempre o amou.
Vermelho, como sempre foi, mesmo que, para comer, usava o ultraje de outra cor.
Ali, naquela noite de agosto, lembro de um capitão, cabelos esvoaçantes, marcado,
Indelével, eterno e amado, na memória dos colorados.
Não era apenas dos heróis que eu lembrava. Mas daqueles que tanto me zombavam.
Os colegas, os amigos, a família. A América não era deles. A América era minha!
Sim. Por isso, meu pranto incontido! Meu grito provido, meu peito doído!
Sempre sofri, chorei, me contive na mediocridade de outros tempos,
Esperando o dia que uma noite fria me trouxe com vermelhos ventos.
Para alguns anos depois reviver meu grito num trilar de apito.
Assim, nem São Paulo, nem Chivas, nem secando os pijamistas.
Rumo ao Tri! É o que penso cada vez que me levanto, que visto este meu manto.
Agora chegou a hora. Quero sofrer, pular, chorar, sonhar com a taça.
Rindo de todos que não acreditam que, mais uma vez, a América será nossa!

PS.: Texto em homenagem ao blog “Nada vai nos Separar”, e, sobretudo à minha grande amiga Kelly, futura jornalista, escritora, mãe de 12 filhos e Tri-campeã da América.

(Obs.: favor, juntar a primeira letra de cada uma das linhas, para a formação de uma nova frase).

Fernando Rocha

A consequência da maestria de D'alessandro

Inter A 3x1 Juventude


Começou. O ano de 2011 para os colorados começou em definitivo. Pra quem viu o time B jogar desde o comecinho do Gauchão, hoje deu para matar a saudade das estrelas principais do time principal. Não foi criada muita expectativa em cima desse jogo, contra o Juventude no Gigante, pelo fato de ser início de temporada, o time principal não ter jogado junto desde o catastrófico dezembro e pelas novas contratações.

O Inter não deu show de futebol, mas fez o necessário para vencer. Não foi muito objetivo e nem chegou tanto no gol, mas quando chegou, marcou. Alguns erros bobos foram cometidos, mas podemos relevar pelos fatos citados, e pela consequente vitória. Refiro-me a erros como de Wilson Mathias: a fase “amarelão” ainda não passou, ele adora levar amarelo desnecessariamente. Já vimos, muitas vezes, erros como o de hoje na zaga do Inter que sempre dá furo. Faz muito tempo que não vejo um gol do adversário do Inter que foi feito por mérito do atacante, a maioria deles saem por erro bobinho na zaga do Colorado. O Índio merece um muito obrigado em coro dos torcedores colorados, mas já passou da hora de ele largar o futebol.

Celso Roth, entre uma e outra lambança, tirou totalmente em dezembro o pingo de confiança que o torcedor colorado tinha nele. Hoje, o técnico campeão da América com o Inter, com a saída de Zé Roberto machucado, colocou Andrezinho em campo. A verdade é que seu Celso Juarez ama sua retranca, e não importa onde ele passar, a retranca vai junto. O Alex estava lá, no banco, esperando e louco para jogar. Ninguém podia duvidar que Roth coloraria Alecsandro no jogo...  E, só pra constar, o único gol marcado pelo Juventude, foi falha do Lauro que largou uma bola fácil, lenta. Muriel devia estar naquele lugar.

Em contratempo, partimos para os fatores positivos – que quase sempre são mais relevantes. A história de vida de Paulo César Tinga reflete superação, raça e, principalmente, caráter. Este, desde que saiu do Inter em 2006, é o mesmo Tinga de sempre. Sem muitas oscilações em suas atuações. Kleber entrou como chefe da equipe, mas quem deveria usar a braçadeira de capitão era Tinga. Ele reclamou, gritou, arrumou o time e finalizou. Quem mais finalizou, quem mais chegou à área do Juventude até a metade do segundo tempo foi Paulo César.
Confesso que não estava esperando muito do Zé Roberto e nem do Alex, mas eles e o elenco quase inteiro fizeram o bastante para os torcedores se inflarem de confiança.

Outro ponto que vem sendo positivo desde 2008 é D’alessandro. Sua maestria aflorou mais uma vez, fez dois gols – um de pênalti e outro um belo golaço com direito a La Boba –, El Cabezón fez valer seu triunfo de melhor da América... Provou isso com a bola nos pés e rede balançando. D’alessandro é mestre e foi ele quem garantiu os três pontos a mais na conta do Colorado. Antes do gringo, ele, o matador, Leandro Damião marcou depois de Guiñazu dar uma passe lindo de primeira para Kleber, que cruzou e encontrou Damião na área para balançar a rede. Até o Guiñazu meteu um balaço na trave. Quase que o gringo xucro de bater no gol marca um golaço. O Inter só não ampliou o placar porque o Juventude tinha as mãos gloriosas de Jonatan no gol, que pegou muita bomba. 

Agora, sinceramente, o árbitro de hoje era uma brincadeira. Tinha impressão de que ele só não permitia matar em campo, o resto era liberado. O homem do apito era fraquinho, lento, nem para os bandeirinhas ele olhava – se bem que quase nem valia a pena olhar para a bandeirinha Tatiana, ela só errava...

O importante é os três pontos na conta, um pouco mais de ritmo adquirido e gols. Temos que estar bem pra estrear com estilo na Libertadores, não quero estar “Toliminado” já no comecinho... Se bem que isso não é a cara do Inter.

PS.: Provavelmente eu não vá comentar aqui no blog sobre o jogo do nosso Inter contra o Veranópolis e nem contra o Pelotas, estarei de férias - merecidíssimas - por uma semana. Então, volto aqui para comentar a estreia do Inter na Libertadores. Avante, Inter!