No dia quinze de abril de 1981, que colorado imaginaria que, em Buenos Aires, estaria nascendo o homem que seria pintado na parede da memória dos colorados ao lado de Paulo Roberto Falcão e Fernandão, como um dos três maiores ídolos da história do Internacional e um dos melhores jogadores que este clube já teve? Quem imaginaria que aquele moicano ficaria pregado na história desse clube?
D’alessandro não teve medo e nem receio: passou por todos os obstáculos, subiu todos os degraus que uma pessoa necessita para se tornar ídolo e se consagrou como um dos maiores mitos da história do Internacional. Um grito do gol de D’alessandro é música para os meus, para os seus e para os nossos ouvidos. Ver o D’alessandro jogar é colírio para os meus, para os seus e para os nossos olhos.
Muitos jogaram nos gramados do Beira-Rio, mas pouquíssimos o amaram e o fizeram tão vencedor quanto D’alessandro. Milhares de pessoas torcem e torceram para o Internacional, mas apenas alguns desses milhares tiveram a oportunidade de ver crescer em D’alessandro o espírito colorado de um dos melhores jogadores da história desse clube. Andrés Nicolás D’alessandro é o nome do monstro homem que marcou território no Rio Grande do Sul, ganhou o coração de uma nação gigante inteira e o respeito até dos maiores rivais.
Em seu metro e setenta e quatro, Andrés concentrou milhares de toneladas de um amor incondicional que uma nação pode dar a um jogador. Ele brinca em campo e suas brincadeiras se transformam em “La Bobas”, em gols, em alegria da torcida. A brincadeira dele inferniza a zaga adversária e faz com que muitos temem o Inter por causa dele.
D’alessandro não é somente um jogador colorado, é um jogador que ama a camisa que veste, que se doa por ela e que a honra. Tudo o que um torcedor sentiu na final da decisão da Libertadores 2010, ele também mostrou sentir: “O sofrimento até o horário do jogo é impressionante. Não consegui dormir, não consegui comer.” Dia 25, na estreia de mais uma Libertadores, D’alessandro viu um estádio lotado inteiro em pé ovacionando seu nome e implorando que ele ficasse no clube. Como reação dos gritos em coro de “Fica, D’alessandro”, o gringo morde os lábios, passa a mão no rosto, muda de pé de apoio, desvia o olhar da torcida e mostra, sem querer mostrar, que seus olhos estão marejados, lubrificados.
No dia 18 de agosto de 2010 ele não se deu o trabalho de esconder suas lágrimas. Depois de levantar a taça da Libertadores – “levantar a taça foi impressionante, só ver ela foi impressionante, aquele momento foi inesquecível” –, ele desabou. Chorou de soluçar feito criança. Mostrou pra todo mundo que queria ver o quanto aquela camisa era importante pra ele, pra sua carreira, pra sua vida.
D’alessandro deu exemplo: dinheiro não compra felicidade, não compra bem-estar e não compra CARINHO. D’alessandro provou que o escudo da camisa vale muito mais que as escritas dos patrocinadores. D’alessandro mostrou que vale muito mais um estádio lotado cantando louvores a ele que um estádio lotado de dinheiro. D’alessandro, acima de tudo, demonstrou amor ao Inter. Depois de algumas semanas de temor por parte dos torcedores, o gringo pronunciou as palavras que os colorados mais queriam ouvir: “EU FICO!”.
Andrés Nicolás D’alessandro deu mais um passo a caminho da eternização no Internacional.